Monday, January 08, 2007

NOITE SEM TROFÉUS

No interior do estado, em cidades como Quixadá (168 km de Fortaleza), por exemplo, costuma-se falar que “fulano anda político com sicrano”. Nesse caso, o termo “político” tanto quer dizer que são radicalmente inimigos, como também pode expressar o fato de que estão confabulando, chegando a um consenso e, talvez, até armando tramóias contra o povo.
Passadas as eleições, empossados os eleitos, resta a expectativa das promessas a serem cumpridas. Essa ressaca generalizada da população em estado de espera não engrandece a democracia visceralmente dinâmica e crítica. Aliás, tal letargia política pode ser um prenúncio de uma noite sem troféus.
Como os governos aliancistas de Cid Gomes e de Lula não estão deixando espaço para as oposições, é bom que as rondas policiais nos quarteirões sejam efetivadas, que o pagamento dos professores se realize e que os nós destravem o crescimento para se tornarem, de fato, uma realidade urgente. Pois, do contrário, restará ao povo as ruas.
Tudo fora de tempo pela ação incompetente dos políticos. E, em assim sendo, até a oposição amadurecerá às avessas, ainda que tardiamente. Em vez de discursos lacerdistas, de bravatas chulas, como as dos ex-senadores Antônio Carlos Magalhães (PFL) e Heloísa Helena (PSOL), nascerá das vozes roucas e dos movimentos sociais em meio à multidão a qualidade dialética da democracia participativa.
Por enquanto, a bem da verdade, a iniciativa política oposicionista no Brasil ainda é uma quimera. Ela continua a reboque do golpe de mestre dos políticos profissionais da burguesia. Por isso que o ditado popular da gente simples do sertão, quando vê políticos, antes adversários, conversando, continua tão ironicamente em vigor.



Saraiva Júnior
Auditor Fiscal do Trabalho

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