Sunday, March 25, 2007

A ELITE É INSACIÁVEL

A desigualdade social no Brasil é uma das mais absurdas e cruéis do planeta. Muitos não querem entender que a maioria dos roubos, seqüestros e assassinatos advêm desse estado de desemprego e miséria a que está submetida parte significativa da população. Então, quando acontece um crime bárbaro, a mídia, como porta voz da elite, denuncia a questão pelo foco da falta de segurança.
A classe patronal, com raríssimas exceções, quer acreditar que o crescimento brasileiro está diretamente ligado à liberdade do contrato de trabalho sem as amarras dos direitos trabalhistas consagrados na Constituição Federal e Consolidação das Leis Trabalhista (CLT). Ou seja, dessa forma, a culpa do Brasil por ser um país pobre é dos salários dos trabalhadores, incluindo os vilões do décimo terceiro, das férias e do fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS).
Está na moda se espelhar no crescimento de dez por cento ao ano da China. Apontam os baixos salários dos trabalhadores chineses como uma das principais causas do aumento da economia daquele país. Esquecem de mencionar que lá existe um estado forte - a maioria das empresas são estatais, a imprensa é controlada (êpa!), os produtos chineses, em muitas categorias, deixam a desejar na qualidade. Esquecem até que esse crescimento, segundo alguns analistas econômicos, tem data para a sua estagnação.
A corrida cega do capitalismo ao lucro é o único argumento que interessa. Preferem à degradação do ser humano em troca do lucro a qualquer custo. E querem passar a velha idéia de que se não existissem os tais direitos trabalhistas, aí sim, haveria mais emprego. Seria a volta da escravidão a alavanca do crescimento. Mas crescimento de quem? É importante mencionar que não se fala em desenvolvimento social. Com salários irrisórios, quem vai consumir esses produtos amanhã?
A maneira como a classe patronal procurou impor a emenda que acabava com os históricos direitos dos trabalhadores brasileiros dá perfeitamente a dimensão de que a ganância da elite é insaciável. Resta às classes populares, agora mais do que nunca, a luta pela democracia participativa com o povo nas ruas.

Saraiva Júnior
Auditor Fiscal do Trabalho

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