Monday, November 06, 2006

RAJADA DE VOTOS



A grande perdedora destas últimas eleições – outubro de 2006 – foi a oligarquia nordestina incrustada no Partido da Frente Liberal (PFL) e no Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Perdeu no número de deputados e no de governadores através de um projeto político concentrador de renda, que excluía as classes sociais menos favorecidas.
A derrota dos velhos coronéis implica necessariamente em dizer que os eleitores nordestinos querem um maior compromisso do governo Lula, do Partido dos Trabalhadores (PT), com a tão almejada reforma agrária. Os trabalhadores estão cansados da lentidão com que a reforma caminha pelos corredores da burocracia palaciana.
Depois de séculos de dominação política através do coronelismo, em que as leis eram subjugadas e o povo humilhado, a abertura dessas urnas se deu como uma rajada de votos derrubando o chicote da prepotência e da injustiça dos velhos caciques. Isso eles jamais reconhecem e, cada vez mais, se distanciam de uma reciclagem como pressuposto de se fazer uma oposição conseqüente e séria.
Em tempos de informação diversificada e da crescente conscientização da classe trabalhadora, o mito da notícia mentirosa e repetitiva, que acabava prevalecendo como verdade, caiu por terra. Em outras palavras, também perderam com essas eleições a Rede Globo, a Veja, a Folha de São Paulo e o Estadão. Ainda bem que o povo já deu a resposta nas urnas e agora, provavelmente, dará também quando for ligar a televisão ou comprar o jornal.
No entanto, todo cuidado é pouco quando se trata de políticos. A ruptura foi leve e o modus faciend do exercício político, de quase todas as matizes, apenas mudou de fachada: em vez da troca de votos por dentaduras, preferiu-se comprar o prefeito e seu curral eleitoral. Talvez com a reforma política se possa balear, desta vez, o coronelismo moderno.